top of page

Psicologia & Cérebro

  • Foto do escritorAna Sofia Pita

"Mirroring Hands": Uma técnica terapêutica recente que facilita a resolução natural dos problemas

“Mirroring Hands” é uma terapia centrada no cliente que facilita a resolução natural de problemas e a cura corpo-mente.


O que é e em que é que se baseia a técnica “Mirroring Hands”? (1)

Para além da nossa mente consciente, existe um mundo interior implícito e oculto, que não tem acesso à vocalização ou a ações dirigidas – este mundo interior designamos por inconsciente (ou mente não consciente). Muitas das nossas memórias e sentimentos que nos causam qualquer tipo de sofrimento, são muitas vezes “armazenados” neste espaço escondido do nosso mundo interior. Ocasionalmente, este material escondido na nossa mente não consciente pode surgir como resposta a algum estímulo do meio, sob a forma de emoções e/ou comportamentos. Estes causam sofrimento ao indivíduo, e são, geralmente, designados por sintomas de uma perturbação, levando a que o indivíduo procure ajuda.


A técnica “Mirroring Hands” é uma técnica terapêutica ainda pouco conhecida em Portugal. Foi desenvolvida por Ernest Rossi, e procura responder a estes problemas de uma maneira natural, permitindo ao cliente reorganizar estas memórias e sentimentos.

Esta técnica tem como ponto de partida um estado tranquilo de atenção focalizada, onde o cliente é convidado a explorar uma questão projetando-a nas suas mãos – uma das mãos representa o problema ou dificuldade, e a outra representa as reflexões opostas (resolução, facilidade e conforto). Isto permite que o cliente se conecte com o seu mundo interior, aumentando a consciência terapêutica e facilitando a mudança.


Segundo estes autores, a consciência terapêutica é o que possibilita a resolução do problema e o processo de cura. Para que se verifique um aumento desta consciência, o psicólogo deverá ser capaz de provocar no cliente:

1) Curiosidade: à medida que a curiosidade é estimulada, verifica-se, entre outras respostas, uma redução do medo e uma mudança na perspetiva do cliente, aumentando as emoções positivas resultantes de um olhar mais curioso e aventureiro;

2) Atenção focada: ao chamar a atenção para algo específico é possível alterar o fluxo de informação no cérebro e, consequentemente, os processos neurais e bioquímicos que informam e alteram o estado do corpo;

3) Confiança emergente: isto é, a sensação de que o que está a acontecer vale o esforço de continuar.


O que é uma Terapia Centrada no Cliente? (2)

A Terapia Centrada no Cliente, também designada por Terapia Centrada na Pessoa foi desenvolvida pelo psicólogo Carl Rogers. Esta abordagem é composta por dois elementos-chave:

1) É uma terapia não diretiva, ou seja, é dada liberdade ao cliente para guiar a consulta e liderar a discussão;

2) É dado ênfase à total aceitação e apoio ao cliente sem qualquer julgamento.


Neste tipo de terapia o psicólogo deverá demonstrar empatia e ser capaz de aceitar incondicionalmente o cliente, aceitando-o tal como é e permitindo ao cliente expressar as suas verdadeiras emoções sem medo da rejeição. Paralelamente, o psicólogo deverá também ser genuíno, partilhando os seus sentimentos e incentivando o cliente a fazer o mesmo.


Ao adotar esta postura, o psicólogo ajuda o cliente a se tornar mais auto-consciente e a modificar o seu comportamento, permitindo que este desenvolva uma visão mais positiva e realista de si próprio e uma visão mais saudável do Mundo.



Em que casos pode ser usada a técnica “Mirroring Hands” e quais os seus resultados? (1)

“Mirroring Hands” é uma técnica relativamente recente e, por isso, são poucos os estudos científicos que procuram estudar a sua eficácia. No entanto, diversos profissionais têm referido resultados positivos, descrevendo-a como uma técnica que ajuda a eliminar qualquer resistência e dificuldades que possam surgir durante o processo terapêutico e com resultados visíveis em pouco tempo.


No entanto, a esta técnica, tal como qualquer outra, não é apresentada como sendo uma receita mágica que funciona com todos os pacientes. Atualmente, um crescente número de estudos tem vindo a demonstrar que não existem terapias mais ou menos eficazes, mas sim pacientes mais ou menos responsivos a determinadas técnicas e abordagens. Como tal, cabe ao terapeuta adaptar a sua intervenção ao paciente. Este processo é facilitado quando a terapia é centrada no cliente, facilitando uma resolução natural dos seus problemas, e quando é estabelecida uma relação positiva de confiança e de colaboração entre o psicólogo e o paciente.


Ao longo das consultas de Psicologia, é importante que o paciente tente perceber o que faz mais sentido para si e o que funciona melhor consigo próprio e transmitir feedback adequado ao psicólogo para que este possa ir adaptando a terapia da melhor forma possível.




Fontes de Pesquisa:

1 Hill, R., & Rossi, E. (2017). The Practitioner's Guide to Mirroring Hands. Carmarthen: Crown House Publishing Limited.

2 Rogers, C. (1951). Client‐Centered Therapy. Boston: Houghton Mifflin Company.



 

! Para psicólogos, psiquiatras, técnicos de saúde, profissionais de terapias complementares e estudantes das respetivas áreas:

- Nos dias 2 e 3 de Julho realizar-se-á um curso em "Mirroring Hands" com o próprio Richard Hill e Ernest Rossi, na cidade do Porto. É, sem dúvida, uma oportunidade única e ainda existem algumas vagas. Para mais informações e inscrições consulte:

https://forms.gle/8NksG4EniXYjHj2j6


73 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page